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daraopedal

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Caminho de Santiago da Costa - 1ª etapa

03.07.13 | daraopedal

Há muito que ansiava regressar a Santiago, percorrendo para isso "outro" caminho de Santiago. Já tinha percorrido o Caminho Português Central (via S. Pedro de Rates e Ponte de Lima) e o Caminho Francês (desde França - S. Jean Pied-de-Port) e a escolha recaiu desta vez no Caminho Português da Costa. Pretendia seguir pela costa partindo do Porto em direção a Caminha, para atravessar em ferry o rio Minho, seguindo por La Guardia e Vigo até reencontrar o caminho central em Pontevedra. Lembro-me de não ter achado particular interesse ao caminho central, daí ter optado pelo caminho da Costa. Ao pesquisar nos círculos habituais, reparei que ainda era um percurso pouco divulgado já que a informação disponível era pouca. Decidi por isso deixar aqui algumas dicas e informações sobre este percurso, pois podem ser úteis a outros que queriam percorrer esta senda.

A data escolhida (e possível) recaiu no mês de abril devido à possibilidade de aproveitar a ponte de 25 de abril (ainda não nos tiraram esse feriado!). A partida oficial seria em Vila Nova de Gaia, junto à câmara municipal local, designada como ponto de encontro do meu amigo de várias aventuras betetistas, com o nome de guerra "Triciclo"!{#emotions_dlg.happy} Os planos para esta etapa eram de ir pelo menos até Viana do Castelo, para ficar no albergue local. Apesar de ter conseguido arranjar um track GPS válido, que me foi muito útil (já agora aproveito para agradecer o user Jol8485 do forumbtt que o disponibilizou) não sabia muito bem como era o terreno, pelo que não colocamos a fasquia demasiado alta.

Ponto de partida, junto à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.

Passagem pela Ponte D. Luís.

Deslocámo-nos até à Sé do Porto, com a esperança de poder carimbar a credencial com o 1º carimbo da jornada. Contudo, não tivemos essa sorte pois eram 8h e a Sé só abria às 9h. Acabamos por encontrar imensos betetistas que estavam a reagrupar-se no local, nomeadamente os Gaiabikers, e que tinham o mesmo destino que nós. Tinham à sua espera uma "delegação" para entregar-lhes as credenciais e abençoar a sua viagem com um momento de oração. Sabia das intenções deste grupo, mas eles iriam seguir pelo caminho central, enquanto nós iamos pela costa.

Ao pesquisar e pelas várias passagens por S. Pedro de Rates, sabia que havia uma variante designada "Caminho da Costa" que segue do Porto até S. Pedro de Rates. Do Porto até essa localidade, o caminho é comum e lá podemos optar por seguir o central ou virar para a Póvoa de Varzim para seguir o tal "Caminho da Costa". Porém a minha intenção era outra, já tinha seguido as marcações mais recentes que nos levam por Matosinhos e Leça da Palmeira até Vila do Conde e Póvoa de Varzim. Era esse o nosso trajeto.

Passagem pelo Castelo do Queijo, junto à zona da Foz no Porto.

A primeira seta amarela surgiu no Senhor do Padrão antes de chegar à confusa zona da lota de Matosinhos. Atravessámos a ponte móvel e seguimos pela ciclovia junto ao porto de Leixões. A partir do "calçadão" de Leça da Palmeira, as setas não deixavam dúvidas e se as houvesse, bastava seguir para norte.

Pouco depois de Angeiras, o percurso segue literalmente pela praia, sendo a progressão algo complicada devido ao peso da bicicleta com os alforges.

Passagem pela Reserva Ornitológica de Mindelo com os seus trilhos arenosos, mas perfeitamente cicláveis.

Chegada a Vila do Conde com o cartão de visita do Convento de Santa Clara. A partir daí seguimos o roteiro turístico junto às praias e pela ciclovia que liga até à Póvoa de Varzim.

Forte de S. João Batista em Vila do Conde.

A partir daí o percurso é muito simples pela ciclovia que liga à Póvoa de Varzim. O complicado foi mesmo fintar a enchente de pessoas na ciclovia. O dia convidava a passeio à beira mar e a experiência de alguns ciclistas deixava muito a desejar e por pouco não ia batendo contra uma miudita de 4 ou 5 anos. No fim da ciclovia, as dúvidas surgiram e optámos por seguir o track GPS por ruelas ...

... que nos levaram a A-ver-Mar.

Passagem nas igrejas da Aguçadoura. O local curioso já que a estrada passa pelo meio de duas igrejas: uma mais recente e outra parcialmente destruída já que apenas existe a antiga torre sineira e a frente da fachada.

Parece uma igreja... mas não é!

Um pouco à frente, surgiu a primeiro sinal evidente de que estávamos no trilho certo: as já conhecidas setas amarelas e a vieira. Essa zona alternava entre campos e estufas. Uma zona com grande produção agrícola.

Passando a zona de cultivo, seguiu-se uma zona florestal.

Chegámos então à Apúlia (Esposende) , onde encontrámos esta placa do caminho da costa.

A partir daí, as marcações da setas amarelas passaram a surgir frequentemente.

Chegada à zona de Fão, onde encontra esta torre de depósito de água. Lá de cima, a vista deve ser qualquer coisa...

Passámos então pela ponte sobre o rio Cávado.

E chegámos a Esposende, onde encontramos este monumento alusivo ao caminho, logo à entrada da cidade.

Carimbamos na capela da Misericórdia e aproveitamos para almoçar numa das esplanadas junto ao rio. Infelizmente perdemos imenso tempo porque o local estava concorrido no dia feriado e o serviço demorou imenso.

Depois de abandonar o centro da cidade, o caminho vai seguindo ao longo da EN 13, até chegarmos ao albergue de S. Miguel de Marinhas.

Encontrámos por lá vários peregrinos que faziam o caminho a pé já a descansar de mais uma etapa. De bicicleta, as etapas são mais longas, então seguimos caminho. Ainda perguntámos pelo carimbo, mas foi-nos dito que era mais abaixo, no edifício da cruz vermelha. Desistimos da ideia e continuámos. O caminho leva-nos por ruas com nomes como "Rua da estrada velha" ou "Estrada real" o que não deixa dúvidas sobre as origens históricas do trajeto.

Em Antas, o caminho passa por uma zona florestal onde se torna um verdadeiro single-track técnico e algo perigoso, em especial para quem vai com alforges.

Por ali corre o rio Neiva, com as suas belas águas.

Seguindo pelo single-track a descer.

Nas descidas, nada de arriscar. O melhor era mesmo desmontar e ir à mão.

Chegámos então a um local belíssimo: uma travessia do rio Neiva numa pequena ponte tosca, fazendo lembrar umas poldras.

A beleza do rio Neiva e das suas margens verdejantes.

A azenha junto ao início da ponte.

Do outro lado do rio encontramos este marco a assinalar o caminho em Castelo do Neiva.

Depois de passar o rio, segui-se uma subida algo penosa até chegarmos a uma localidade chamada Santiago, venerando o santo padroeiro, daí termos encontrado vários monumentos alusivos ao caminho, nomeadamente este marco de pedra...

... este nicho com uma estátua de Santiago.

O primeiro local onde encontrámos a disponibilidade do carimbo bem em destaque.

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Igreja de S. Tiago (Castelo do Neiva)

O teto da igreja onde se destaca a figura de Santiago peregrino.

A vista para sul, a partir do adro da igreja, com a costa atlântica sempre presente.

Logo a seguir, o trilho leva-nos a rodear a igreja pelo monte, por um trilho bastante agradável e sombrio. Para nos levar até lá, mais um monumento alusivo ao caminho.

O trilho ainda estava um pouco enlameado e técnico, mas nada como ir com cuidado.

O piso não era nada fácil em alguns locais.

Posteriormente, acabaríamos por passar junto ao mosteiro de S. Romão do Neiva, com o mosteiro à direita ...

... e uma imponente escadaria do lado esquerdo.

A partir daí, os trilhos alternam entre pequenas localidades e passagens por entre montes e campos.

Chegarmos então ao alto da serra onde existe uma estranha capela em homenagem a alguém que ali foi assassinado.

A partir daí, descemos abruptamente a serra local até Viana do Castelo. A descida é por alcatrão e convém testar bem os travões.

Seguimos pela EN 13 até atingir o rio Lima.

Entrada na cidade de Viana do Castelo pela ponte Eiffel.

Depois de cruzarmos a ponte, bastou seguir a linha de comboio para encontrar o albergue de Peregrinos S. João da Cruz dos Caminhos, situado na Igreja do Carmo, sob a tutela dos padres carmelitas descalços.

Podem encontrar o site oficial aqui e a página de facebook neste link.

O albergue propriamente dito situa-se nas traseiras da igreja, na zona do seminário.

Aspeto das camaratas onde ficámos. Pensava encontrar muita gente neste albergue, visto que nos cruzámos com muita gente a fazer o caminho, mas, curiosamente, o albergue estava vazio e ficou por nossa conta.

O primeiro dia resumiu-se a cerca de 92 km percorridos, sem grandes dificuldades e por paisagens bem interessantes.

 

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