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De Tróia a Sagres - Umas férias diferentes

23.09.08 | daraopedal

Não tenho tido muita disponibilidade para me dedicar à escrita, mas gostava de colocar um post decente para contar esta grande aventura que foi ligar Tróia a Sagres em BTT, na semana de férias de 11 a 17 de Agosto. Apesar disso, decidi colocar as fotos online. Quando puder hei-de relatar os pormenores da aventura que foi FANTÁSTICA! O essencial é que foi feita em 6 dias (nas calmas), com a companhia da minha cara-metade e de um casal amigo - a equipa Triciclo&Trotineta!

Apreciem as fotos...

 

Em Setúbal, apanhámos o ferry (o Rola do Mar) até Tróia. Os novos ferrys do Tio Belmiro têm óptimas condições e permitem fazer a viagem tranquilamente, apreciando a travessia do Sado.

No horizonte, a fabulosa Serra da Arrábida (um dos templos nacionais do BTT) e à esquerda, as novas torres do complexo turístico de Tróia. A questão logística foi um grande problema nesta viagem. Queríamos evitar ter de levar o carro na viagem mas não tivemos outra alternativa, visto que nem os comboios, nem os autocarros permitiam o transporte das bicicletas. Ficou combinado que no 1º dia, um dos elementos ia andar com o carro até podermos deixá-lo em Grândola, para podermos voltar de autocarro.

Assim no 1º dia fomos apenas 3 a pedalar partindo de Tróia, seguindo para sul. Como não tínhamos de carregar as tralhas, podemos pedalar livremente.

Na foto, a passagem perto da estrada de embarque para o Ferry.

A entrada no teritório da Reserva Natural do Estuário do Sado

A vista para o estuário do Sado com a ponte móvel dos estaleiros da LISNAVE.

Continuamos pela R 253-1 e passámos pela zona onde se vira para a famosa praia da Comporta, que infelizmente ainda não tive oportunidade de conhecer.

À entrada da vila de Comporta pudemos contemplar estes magníficos arrozais, logo adiante encontraríamos o Museu do Arroz. Infelizmente também não pudemos parar para visitar, pois ainda nos faltavam muitos quilómetros nesse dia.

Depois da Comporta, seguimos pela EN 261, uma estrada nacional bastante movimentada e pouco segura para pedalar. Neste cruzamento, virámos em direcção a Sines, Melides e Lagoa de S. André. Passámos junto à zona do estabelecimento prisional de Pinheiro da Cruz.

O objectivo para o 1º dia era acampar no parque de campismo da Praia da Galé, onde chegámos por este estradão de terra batida que foi uma pequena tortura. O piso tinha "ondinhas" criadas pela passagem dos carros e principalmente pela erosão do vento, que criam uma tremenda trepidação, muito desagradável para o rabo e os pulsos.

A vista para as Arribas da Praia da Galé, um fenómeno geológico criado pela erosão. Depois de montarmos as tendas, fomos apreciar a beleza desta praia.

O 2º dia amanheceu chuvoso. Foi a 1ª vez que acordei numa tenda a ouvir o som da chuva. Pensei que ia ser um dia desagradável por causa da chuva, mas afinal não passou de uma ameaça.

O nosso plano era irmos de carro até Grândola (onde um de nós poderia regressar de autocarro), onde ficaria, para finalmente seguirmos todos viagem em autonomia com a casa às costas. E se assim pensámos, melhor fizemos.

Na foto, a minha preciouss carregada como uma mula!

Lá fomos todos finalmente, estrada fora em direcção ao Algarve!

Fomos pela R 261-2 em direcção a Melides.

Passámos junto à praia, pela Lagoa de Melides.

Aí tive um furo (o único da viagem). Não sei como fiz, mas bicicleta equilibrou-se sozinha encostada ao poste.

Fomos por uma caminho de areia entre Sesmarias e a Lagoa de S. André. Foi um pouco difícil, mas como a distância não era muito longa, fez-se perfeitamente.

Chegámos ao Parque de Campismo da Lagoa de S. André. Estávamos suficientemente moidos para desejar apenas montar a tenda e tomar um bom banho, mas quando chegámos à entrada... era necessária a carta de campista! Nenhum de nós tinha. Não nos tínhamos lembrado deste pequeno grande pormenor. O parque mais próximo estava a uma distância grande e já era muito tarde para lá chegar, para além de ja estarmos muito cansados. Explicámos a nossa situação ao porteiro do parque de campismo que acabou por ser simpático e aceder ao nosso pedido em nos deixar ficar por lá.

No 3º dia, partimos em direcção a Sines, passando por zonas de pastoreio cobertas de pequenas flores azuis.

Seguimos pela R 261-5, passando junto à localidade de S. André.

Depois passámos pela zona da refinaria de Sines com imensos oleodutos e depósitos de combustível. Um pena aquela zona estar completamente desfigurada pela indústria.

Alcançámos depois a zona da Central termoeléctrica de Sines. O barulho das maquinarias é constante, perturbando a beleza da zona...

... onde começa logo o Parque Natural do SW Alentejano e da Costa Vicentina.

A praia de S. Torpes é logo junto à central eléctrica.

Seguimos pela estrada ao longo da costa até chegar a Porto Covo.

Seguimos alguns trilhos sempre paralelos ao mar para apreciar a beleza da costa vicentina.

A praça central de Porto Covo - o largo do Marquês de Pombal...

... onde encostámos as nossas montadas enquanto almoçámos e recuperámos forças.

Pela primeira vez avistámos a ilha do Pessegueiro (Porto Covo)

Cá está ela, ao fundo de uma estrada que parece levar até ela. A foto foi tirada à saída do Parque de Campismo existente por lá, onde passámos a noite. A zona é extremamente ventosa e armar a tenda (no jokes) foi uma tarefa complicada.

Uma estranha invasão proporcionou um belo efeito na foto.

Procurámos seguir sempre junto à costa, mas a tarefa tornava-se demasiado complicada devido à areia.

Passagem de uma ribeira.

Vila Nova de Milfontes e a vista para o estuário do rio Mira.

As biclas paradas junto miradouro do foral, enquanto apreciávamos a paisagem. Apeteceia seguir o exemplo dos que estavam ali na praia sem fazer nada, mas a etapa ainda não tinha acabado.

Era altura de seguir caminho, passando a ponte sobre o rio Mira. Esta estrada, apesar de ter uma berma larga, deixava-nos um pouco inseguros devido às altas velocidades dos carros.

Finalmente, o fim da etapa do dia com a chegada à praia da Zambujeira do Mar. A confusão do festival Sudoeste já tinha passado e a praia era quase toda nossa.

Apesar de ter adorado a beleza da praia, a Zambujeira ficará para sempre associada ao péssimo atendimento que tivemos num restaurante local. Mais de 45 min foi o tempo que esperámos por uma refeirção de um prato de peixe grelhado. Vergonhoso!

Os canais de regadio atravessam algumas zona do baixo Alentejo e do Algarve e proporcionam bons trilhos

Entrada no Algarve propriamente dito, com a passagem da ribeira de Odeceixe

A ribeira desagua no mar junto à famosa praia local.

Passagem por Aljezur e o seu castelo lá no alto.

A caminho da Praia de Arrifana.

Vila do Bispo e o Cabo S. Vicente estavam cada vez mais próximos.

Entrada na área do concelho de Vila do Bispo

Vila do Bispo à vista.

O cabo S. Vicente à vista.

Chegada ao farol do Cabo S. Vicente.

Foto para a posteridade.

A vista para o cabo de Sagres, a viagem estava quase a chagar ao fim.

A chegada à fortaleza de Sagres e o fim desta aventura. Foram sem dúvida umas férias inesquecíveis!

Boas pedaladas

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CicloPaper Carregosa - O. Azeméis

07.09.08 | daraopedal

Aqui ficam algumas fotos das verdadeiras máquinas que vi neste divertido evento.

A limusina movida pela tracção de 3 bicicletas: a da "madame, a do Ambrósio e ...

... a do Ferrero Rocher.

O carro Tuning! Com todos os extras: jantes especiais, duplo escape, sistema de som com altas colunas e subwoofer e música a condizer.

Reparem na qualidade dos interiores.

sob o capot, o subwoofer.

O helicóptero, movido por três bicicletas.

Tinham pormenores tão fantásticos como o facto de ambas as hélices girarem e sistema de som integrado.

Cada vez que os respectivos ocupantes do cockpit se deslocavam faziam-no ao som da banda sonora da série A-team (O esquadrão classe A). Espectacular!

O carro da agência funerária...

... que era da marca Mercedes Benze-te!

E uma pasteleira à antiga com os pormenores do garrafão de vinho e o guarda-chuva entalado na grade. Ainda havia muitas outras bicicletas originais, no entanto fiquei sem bateria para tirar mais fotos. Certamente encontrarão em breve muitas outras fotos no site oficial. Foi sem dúvida um dia bem passado, em que pedalar não era o mais importante. O requisito era divertir-se. Eu diverti-me e espero repetir para o próximo ano.

Boas pedaladas

Transportes públicos e bicicletas

03.09.08 | daraopedal

 Em várias das minhas aventuras, especialmente, as mais recentes, tem sido recorrente um mesmo problema: a dificuldade de encontrar transportes públicos para levar/trazer as bicicletas.

É impressionante a falta de soluções existentes em Portugal e o contraste entre Portugal e Espanha.

Aquando da minha aventura Porto – Santiago de Compostela, foi com facilidade que organizámos o regresso para Portugal. Através da Internet conseguimos encontrar o meio de transporte ideal para o regresso: o comboio. Consultando o site da RENFE (o equivalente espanhol à CP), verificámos (sem ter de vasculhar todos os links do site) que oferecia a possibilidade de transportar comodamente as bicicletas, mediante um preço claro e estipulado. Tudo às claras e simples.

Nessa altura, chegámos à estação de Santiago e adquirimos os bilhetes (nossos e das bicicletas) e quando chegou o comboio (do tipo Alfa-Pendular) verificámos que existia um local no início da carruagem onde podíamos pendurar as bicicletas. As bicicletas iam seguras, nós íamos confortáveis (muito mesmo) e descansados pois podíamos controlar à distância as nossas “montadas”. Excelente!

No entanto, o comboio ia apenas até Vigo. Depois tivemos de mudar para a CP e aí as diferenças foram flagrantes. Desde um revisor mal-humorado que nos mandou (nitidamente contra a vontade) “enfiar” as bicicletas numa carruagem de carga. Também já estavam lá muitos outros betetistas, por isso as bicicletas iam um pouco “umas em cima das outras”. Ainda tivemos de ouvir outro comentário do revisor a mandar arrumar as bicicletas para desimpedir o corredor central (note-se que estava perfeitamente livre!). Como na carruagem de carga não havia onde sentar, quem quisesse tinha de ir para outra carruagem, de onde não podia controlar a segurança das bicicletas.

Agora pergunto eu, como a peregrinação a Santiago (quer pelo caminho Português ou Francês) é algo cada vez mais frequente não seria uma boa ideia a CP oferecer, pelo menos nos meses de maior número de peregrinações, um serviço adequado? Isso já foi há 2 anos atrás, no entanto não acredito que a situação se tenha alterado.

 

Mais recentemente, na preparação da aventura pela linha do Vouga, procurei saber se era possível o transporte das bicicletas nos autocarros expressos que ligam Viseu a Albergaria-a-Velha. Quando me informei junto das companhias foi-me dito que a politica da empresa era não transportar bicicletas, mas isso ficava “ao critério do revisor”… Ao critério do revisor?! Mas que raio de resposta é essa? De acordo com a política da empresa deveria sujeitar todo o tempo dispendido na preparação e organização desse evento ao humor ou boa-vontade de um revisor? Só de me lembrar dos revisores com quem me cruzei ao longo da vida até me dá vontade de rir; eu não sei como é para vocês, mas a imagem que me vem à cabeça é obviamente de uma pessoa com simpatia para dar e vender, certo? O que eu queria era apenas trazer as bicicletas, nem que tivesse de as desmontar. É óbvio que pode ser complicado colocar uma bicicleta num autocarro, mas é muito frequente serem enviadas, por despacho nas redes de autocarro, encomendas algumas vezes bem mais volumosas que uma bicicleta.

 

Na ida para Fátima, como éramos vários achámos que seria mais fácil ir um carro e dividir as despesas do que levar mais uma daquelas respostas tortas por parte das empresas de transportes públicos.

 

Na minha última aventura de Tróia até Sagres (que ainda hei-de colocar aqui), tentei evitar recorrer ao carro e voltaram a colocar-se os mesmos problemas. Contactei novamente as companhias rodoviárias e ferroviária para tentar ir e regressar de transportes públicos. Qual não foi o meu espanto quando desta vez numa bilheteira da CP me deram a mesma resposta que a companhia de autocarros! Que ficava ao critério do revisor! Mas afinal não há uma política da empresa? Procurei no site de CP e encontrei isto:

Posso transportar a minha bicicleta no comboio? 

 O transporte de bicicletas é permitido nos comboios Urbanos de Lisboa e nos comboios Regionais. O Transporte de Bicicletas nos comboios das Linhas de Sintra, Cascais, Azambuja e Sado é gratuito.

O transporte de bicicletas é gratuito, diariamente, nos comboios Regionais, Interregionais e Urbanos de Coimbra. Para viajar com a sua bicicleta deve dirigir-se ao Operador de Revisão para que este lhe possa emitir o título de transporte (de passageiro) e garantir ou não o transporte do respectivo veículo (caso o comboio esteja lotado o transporte da bicicleta pode não ser viável por razões de bom funcionamento do serviço de transporte de passageiros).

A carga e a descarga são da responsabilidade do cliente e o transporte da bicicleta deve ser feito de forma a não obstruir as portas e a não dificultar a entrada e saída de passageiros.

E no resto do país? Não se pode usar bicicleta?

Encontrei também informações no site da FPCUB. Deixo aqui o link (pode ser útil).

 

Concluindo este post (que já vai longo), é triste ver que numa altura em que os governos tanto apregoam a necessidade de reduzir a dependência dos combustíveis fosseis e utilizar os transportes públicos, a realidade é bem diferente. Mesmo que queiramos, são poucas as empresas que autorizam a utilização da bicicleta nos transportes públicos. O facto de haver poucos incentivos em nada me espanta (afinal isto é Portugal e não a Holanda), mas o facto de haver tantos entraves deixa-me perplexo e triste.

Enfim isto é o país (e os transportes públicos) que temos. Já agora deixem aqui os vossos comentários sobre isso e/ou algum testemunho sobre algo semelhantes que vos tenha acontecido.

Boas pedaladas (e mais sorte com os transportes)

Daraopedal

 

Nota: O post está ilustrado com várias fotos da net que apresentam alternativas para o transporte das bicicletas.