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Ecopista do Dão - o relato e as fotos

08.08.11 | daraopedal

A Ecopista do Dão foi inaugurada no início do mês de Julho e desde que soube disso, fiquei logo entusiasmado para descobrir o seu traçado e as suas paisagens.

Optei por iniciar o percurso em Santa Comba Dão, uma vez que o percurso sobre (ligeiramente) até Viseu. Achei que seria mais prudente para poupar o joelho e também pelo facto de não fazer 100 km seguidos desde o ano passado no Caminho Francês de Santiago.

Chegado à estação de Santa Comba Dão, não vi nada a indicar o início da ecopista, mas fui seguido pela estação ao longo do cais, em direcção ao início do track que tinha encontrado na net, disponibilizado por alguém que já a tinha percorrido.

No fim do cais, depois de uma pequena descida por uma caminho de terra, lá encontrámos a placa que marca o seu início...

... com este "belo" tapete azul. Poderia dizer muita coisa sobre esta opção estética, mas vou limitar-me a dizer o óbvio: o piso está pintado em três cores (azul, verde e vermelho) de acordo com o concelho a que pertence (respectivamente Santa Comba Dão, Tondela e Viseu).

O percurso está em grande parte da sua extensão delimitado por barreiras de madeira.

Circulámos junto à foz do rio Dão, que neste local corresponde a um dos braços da albufeira da barragem da Aguieira.

5 km percorridos, já só faltam 45 (+ outros 50). Estas marcações encontram-se ao longo de todo o percurso com uma frequência de 500m.

Chegada ao primeiro viaduto/ponte sobre o rio Dão / albufeira da barragem.

A vista para montante.

Toda a ponte foi restaurada e reconstruída oferecendo garantias de segurança e um aspecto que realça a qualidade desta ecopista. Só não aconselho os mais sensíveis às vertigens a olhar para baixo, pois o piso é o próprio gradeamento e vê-se perfeitamente o rio lá em baixo.

Chegada à antiga estação de Treixedo, que se encontra em ruínas.

Está lá a placa descerrada no dia 1 de Julho, alusiva à inauguração da Ecopista.

Junto ao rio, não faltavam pescadores a aproveitar as tréguas da chuva deste estranho mês de Agosto.

Mais uma nova ponte , desta vez sobre um pequeno vale agrícola.

Aqui encontrámos um túnel novo sob a via de ligação entre o IP3 e o IC12.

A sombra até que soube bem, mas não houve tempo para parar.

Um pouco mais adiante, ao quilómetro 37,5, encontrámos a passagem do piso azul para verde, entrando finalmente no concelho de Tondela.

Chagada à estação de Tonda.

Nalguns cruzamentos, foram instaladas lombas para que os peões abrandassem a sua velocidade ao atravessar a estrada. Não é agradável passar nisto, mas é uma solução bem mais prática do que a que existe na extremidade desta ecopista, que destaco mais abaixo.

Não há dúvida, o Dão é também zona de vinho.

O percurso alterna entre zonas expostas e zonas à sombra da vegetação.

Antes de chegar a Tondela, passámos sobre uma nova ponte metálica.

Passagem por uma estrada. Como a hora de almoça já tinha chegado, aproveitámos e fizemos um pequeno desvio até à entrada da cidade de Tondela para almoçar e recuperar as nossas forças.

Continuámos e alcançámos a estação de Tondela. É curioso ver que muitas estações se encontravam algo afastadas das localidades que eram suposto servir. Naquela altura, caminhar não assustava ninguém. Hoje em dia somos muito mais comodistas e queremos que passe tudo pertinho.

Mais um tipo de sinalização para o percurso da Ecopista.

Outra (muito pequena) ponte de ferro.

Continuando, chegámos a esta estranha construção...

... cuja arquitectura me deixou com a ideia que estaria provavelmente ligada à linha de comboio.

Já tínhamos passado metade do percurso da ecopista e mais à frente encontrámos a igreja de Canas de Santa Maria, que apresenta esta torre sineira que lhe dá um aspecto bem distinto do que é habitual. Gostei.

Passagem pela estação de Sabugosa. A partir desta zona (um pouco antes até) começámos a ver estes candeeiros solares junto à via. Percebe-se que houve uma preocupação de criar uma infra-estrutura que permita às populações usufruir da ecopista ao longo do ano, seja qual for a estação.

Estação de Parada de Gonta.

Chegámos então ao túnel de Stª Catarina, que tem quase 200m de comprimento...

... mas que possui luz mesmo durante o dia, uma vez que lá dentro é mesmo escuro.

A meio do túnel também se muda de concelho, por isso, à saída, o piso era já vermelho.

Passagem pela estação de Farminhão.

Mais umas placas informativas, que encontrámos...

... junto ao viaduto sobre a A25.

Estação de Torredeita...

... onde se encontra estacionada esta antiga glória dos tempos do vapor. Parámos para visitar o seu interior e imaginar como seria abastecer com carvão este monstro de metal.

Passagem sob uma pequena ponte, antes...

... do apeadeiro de Mosteirinho.

Aqui, ao quilómetro 10, voltaríamso a atravessar um imponente viaduto sobre um vale.

Obra impecável!

Passagem pelo túnel de Figueiró, nada que se compare ao outro anterior, visto que tem apenas cerca de 50m.

Chegada à estação de Figueiró.

A partir daqui é visível a passagem para a parte da ciclovia mais antiga. O piso apresenta os sinais do tempo que não deixam dúvidas que já não é a obra nova.

As separações laterais também apresentam outra configuração, provavelmente mais resistente que as da parte mais recente.

Passagem junto ao apeadeiro de Travassós de Orgens.

A casa do guarda em Tondelinha.

E daqui finalmente tínhamos Viseu à vista.

Estação de Tondelinha, se não me falha a memória.

Passagem pelo apeadeiro de Vildemoinhos. Aqui pode-se ver a solução adoptada na parte mais antiga para obrigar os ciclistas a abrandar. A colocação de barreira é uma opção válida, no entanto é bastante incómoda uma vez que obriga à passagem de um ciclista de cada vez e quebra bastante o ritmo. Acho que prefiro as lombas!

Uma relíquia que já não tem sentido, mas que perdura como sinal de outros tempos, em que a linha vivia de outra actividade.

Aluguer de bicicletas? Achei uma óptima ideia para promover o uso da ciclovia...

... no entanto o local estava fechado (definitivamente?) e não pude informar-me dos preços.

Já muito próximos de Viseu, no parque urbano da Aguieira.

A ciclovia desaparece logo à frente devido a uma construção no local. Espero que esta pequena parte seja intervencionada depois de concluída a obra.

Logo adiante volta a surgir junto deste edifício, que ostenta uma placa dizendo "Refertelecom". Parece funcionar como museu alusivo à linha do Dão, visto que tinha fotografias expostas da época em que os comboios ainda aqui passavam.

A estação de comboios em Viseu já não existe, o que não é de admirar já que ouvi dizer muitas vezes que esta é a única capital de distrito sem ligação ferroviária. No entanto, deixaram o vestígio do antigo depósito que assinala a chegada a Viseu. Curiosamente, a última vez que aqui estive durante a viagem pela linha do Vouga, o depósito encontrava-se "abandonado" do outro lado da estrada. Ao menos agora, deram-lhe algum destaque.

Depois de uma breve paragem em Viseu, voltámos pelo mesmo caminho, seguindo novamente pela ecopista. Apesar de ser em sentido descendente, os quilómetros acumulados acabaram por levar a um grande desgaste e foi com agrado que chegámos a Santa Comba Dão.

Para que não haja dúvidas, cá está o GPS com os 103 kms no total em cerca de 5h21 a pedalar e com 2h de paragens diversas. Para quem quiser fazer isto tudo de uma vez como fizemos, contem sempre com 7 a 8 horinhas bem contadas. Este foi um percurso que me agradou muito, visto que considero que é uma boa forma de aplicar os dinheiros públicos, promovendo o desporto e a saúde e não deixando que as linhas de comboio sejam apenas mais um terreno cheio de silvas. As paisagens agradaram-me e apenas tenho um pequeno reparo e aviso para quem quiser pedalar por todo o seu traçado: faltam pontos de abastecimento de água ao longo do trajecto. São poucas as estações com bebedouros e fora das localidades torna-se difícil arranjar água. O que vale é que fomos prevenidos.

Dou os parabéns às autarquias locais por esta bela ecopista e espero um dia voltar a percorrê-la.

Para quem for usa o facebook, podem encontrar a página da Ecopista do Dão em www.facebook.com/ecopistadodao.

Boas pedaladas

daraopedal

 

Editado (05/12/2016): Foi lançado o site oficial em http://ecopistadodao.pt/