Ecopista do Dão - o relato e as fotos
A Ecopista do Dão foi inaugurada no início do mês de Julho e desde que soube disso, fiquei logo entusiasmado para descobrir o seu traçado e as suas paisagens.
Optei por iniciar o percurso em Santa Comba Dão, uma vez que o percurso sobre (ligeiramente) até Viseu. Achei que seria mais prudente para poupar o joelho e também pelo facto de não fazer 100 km seguidos desde o ano passado no Caminho Francês de Santiago.
Chegado à estação de Santa Comba Dão, não vi nada a indicar o início da ecopista, mas fui seguido pela estação ao longo do cais, em direcção ao início do track que tinha encontrado na net, disponibilizado por alguém que já a tinha percorrido.
No fim do cais, depois de uma pequena descida por uma caminho de terra, lá encontrámos a placa que marca o seu início...
... com este "belo" tapete azul. Poderia dizer muita coisa sobre esta opção estética, mas vou limitar-me a dizer o óbvio: o piso está pintado em três cores (azul, verde e vermelho) de acordo com o concelho a que pertence (respectivamente Santa Comba Dão, Tondela e Viseu).
O percurso está em grande parte da sua extensão delimitado por barreiras de madeira.
Circulámos junto à foz do rio Dão, que neste local corresponde a um dos braços da albufeira da barragem da Aguieira.
5 km percorridos, já só faltam 45 (+ outros 50). Estas marcações encontram-se ao longo de todo o percurso com uma frequência de 500m.
Chegada ao primeiro viaduto/ponte sobre o rio Dão / albufeira da barragem.
A vista para montante.
Toda a ponte foi restaurada e reconstruída oferecendo garantias de segurança e um aspecto que realça a qualidade desta ecopista. Só não aconselho os mais sensíveis às vertigens a olhar para baixo, pois o piso é o próprio gradeamento e vê-se perfeitamente o rio lá em baixo.
Chegada à antiga estação de Treixedo, que se encontra em ruínas.
Está lá a placa descerrada no dia 1 de Julho, alusiva à inauguração da Ecopista.
Junto ao rio, não faltavam pescadores a aproveitar as tréguas da chuva deste estranho mês de Agosto.
Mais uma nova ponte , desta vez sobre um pequeno vale agrícola.
Aqui encontrámos um túnel novo sob a via de ligação entre o IP3 e o IC12.
A sombra até que soube bem, mas não houve tempo para parar.
Um pouco mais adiante, ao quilómetro 37,5, encontrámos a passagem do piso azul para verde, entrando finalmente no concelho de Tondela.
Chagada à estação de Tonda.
Nalguns cruzamentos, foram instaladas lombas para que os peões abrandassem a sua velocidade ao atravessar a estrada. Não é agradável passar nisto, mas é uma solução bem mais prática do que a que existe na extremidade desta ecopista, que destaco mais abaixo.
Não há dúvida, o Dão é também zona de vinho.
O percurso alterna entre zonas expostas e zonas à sombra da vegetação.
Antes de chegar a Tondela, passámos sobre uma nova ponte metálica.
Passagem por uma estrada. Como a hora de almoça já tinha chegado, aproveitámos e fizemos um pequeno desvio até à entrada da cidade de Tondela para almoçar e recuperar as nossas forças.
Continuámos e alcançámos a estação de Tondela. É curioso ver que muitas estações se encontravam algo afastadas das localidades que eram suposto servir. Naquela altura, caminhar não assustava ninguém. Hoje em dia somos muito mais comodistas e queremos que passe tudo pertinho.
Mais um tipo de sinalização para o percurso da Ecopista.
Outra (muito pequena) ponte de ferro.
Continuando, chegámos a esta estranha construção...
... cuja arquitectura me deixou com a ideia que estaria provavelmente ligada à linha de comboio.
Já tínhamos passado metade do percurso da ecopista e mais à frente encontrámos a igreja de Canas de Santa Maria, que apresenta esta torre sineira que lhe dá um aspecto bem distinto do que é habitual. Gostei.
Passagem pela estação de Sabugosa. A partir desta zona (um pouco antes até) começámos a ver estes candeeiros solares junto à via. Percebe-se que houve uma preocupação de criar uma infra-estrutura que permita às populações usufruir da ecopista ao longo do ano, seja qual for a estação.
Estação de Parada de Gonta.
Chegámos então ao túnel de Stª Catarina, que tem quase 200m de comprimento...
... mas que possui luz mesmo durante o dia, uma vez que lá dentro é mesmo escuro.
A meio do túnel também se muda de concelho, por isso, à saída, o piso era já vermelho.
Passagem pela estação de Farminhão.
Mais umas placas informativas, que encontrámos...
... junto ao viaduto sobre a A25.
Estação de Torredeita...
... onde se encontra estacionada esta antiga glória dos tempos do vapor. Parámos para visitar o seu interior e imaginar como seria abastecer com carvão este monstro de metal.
Passagem sob uma pequena ponte, antes...
... do apeadeiro de Mosteirinho.
Aqui, ao quilómetro 10, voltaríamso a atravessar um imponente viaduto sobre um vale.
Obra impecável!
Passagem pelo túnel de Figueiró, nada que se compare ao outro anterior, visto que tem apenas cerca de 50m.
Chegada à estação de Figueiró.
A partir daqui é visível a passagem para a parte da ciclovia mais antiga. O piso apresenta os sinais do tempo que não deixam dúvidas que já não é a obra nova.
As separações laterais também apresentam outra configuração, provavelmente mais resistente que as da parte mais recente.
Passagem junto ao apeadeiro de Travassós de Orgens.
A casa do guarda em Tondelinha.
E daqui finalmente tínhamos Viseu à vista.
Estação de Tondelinha, se não me falha a memória.
Passagem pelo apeadeiro de Vildemoinhos. Aqui pode-se ver a solução adoptada na parte mais antiga para obrigar os ciclistas a abrandar. A colocação de barreira é uma opção válida, no entanto é bastante incómoda uma vez que obriga à passagem de um ciclista de cada vez e quebra bastante o ritmo. Acho que prefiro as lombas!
Uma relíquia que já não tem sentido, mas que perdura como sinal de outros tempos, em que a linha vivia de outra actividade.
Aluguer de bicicletas? Achei uma óptima ideia para promover o uso da ciclovia...
... no entanto o local estava fechado (definitivamente?) e não pude informar-me dos preços.
Já muito próximos de Viseu, no parque urbano da Aguieira.
A ciclovia desaparece logo à frente devido a uma construção no local. Espero que esta pequena parte seja intervencionada depois de concluída a obra.
Logo adiante volta a surgir junto deste edifício, que ostenta uma placa dizendo "Refertelecom". Parece funcionar como museu alusivo à linha do Dão, visto que tinha fotografias expostas da época em que os comboios ainda aqui passavam.
A estação de comboios em Viseu já não existe, o que não é de admirar já que ouvi dizer muitas vezes que esta é a única capital de distrito sem ligação ferroviária. No entanto, deixaram o vestígio do antigo depósito que assinala a chegada a Viseu. Curiosamente, a última vez que aqui estive durante a viagem pela linha do Vouga, o depósito encontrava-se "abandonado" do outro lado da estrada. Ao menos agora, deram-lhe algum destaque.
Depois de uma breve paragem em Viseu, voltámos pelo mesmo caminho, seguindo novamente pela ecopista. Apesar de ser em sentido descendente, os quilómetros acumulados acabaram por levar a um grande desgaste e foi com agrado que chegámos a Santa Comba Dão.
Para que não haja dúvidas, cá está o GPS com os 103 kms no total em cerca de 5h21 a pedalar e com 2h de paragens diversas. Para quem quiser fazer isto tudo de uma vez como fizemos, contem sempre com 7 a 8 horinhas bem contadas. Este foi um percurso que me agradou muito, visto que considero que é uma boa forma de aplicar os dinheiros públicos, promovendo o desporto e a saúde e não deixando que as linhas de comboio sejam apenas mais um terreno cheio de silvas. As paisagens agradaram-me e apenas tenho um pequeno reparo e aviso para quem quiser pedalar por todo o seu traçado: faltam pontos de abastecimento de água ao longo do trajecto. São poucas as estações com bebedouros e fora das localidades torna-se difícil arranjar água. O que vale é que fomos prevenidos.
Dou os parabéns às autarquias locais por esta bela ecopista e espero um dia voltar a percorrê-la.
Para quem for usa o facebook, podem encontrar a página da Ecopista do Dão em www.facebook.com/ecopistadodao.
Boas pedaladas
daraopedal
Editado (05/12/2016): Foi lançado o site oficial em http://ecopistadodao.pt/